Uma fala do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, sobre um possível aumento no valor do Bolsa Família gerou desconforto no governo e repercutiu mal no mercado financeiro. Em entrevista à agência de notícias Deutsche Welle, publicada na quinta-feira (6), ele afirmou que a ampliação do benefício estava sendo discutida internamente, mas horas depois o Planalto desmentiu qualquer estudo nesse sentido.
Em uma recente entrevista à agência de notícias DW, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, sugeriu que o governo federal estava considerando um reajuste no valor do Bolsa Família para compensar a alta nos preços dos alimentos. “O problema é o preço do alimento, que teve essa elevação brusca do fim do ano passado para cá.” disse o ministro. Dias mencionou que a decisão seria tomada até março e que a medida poderia incluir um ajuste ou um complemento alimentar. "Será um ajuste? Será um complemento na alimentação?”, cogitou. Questionado diretamente sobre a possibilidade de reajuste, respondeu: “Está na mesa.”
O ministro Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome afirmou ainda, na entrevista, que a decisão seria tomada até o final de março.
A declaração pegou o governo de surpresa e fez a Casa Civil agir rapidamente para conter os impactos. Em nota, divulgada na noite de ontem, o órgão negou a existência de qualquer estudo para elevar o benefício. “A Casa Civil da Presidência da República informa que não existe estudo no governo sobre o aumento do valor do benefício do Bolsa Família. Esse tema não está na pauta do governo e não será discutido”, diz o comunicado, assinado também pelo Ministério da Fazenda.
O mercado reagiu negativamente à possibilidade de aumento de gastos públicos, num momento em que o governo tenta manter o equilíbrio fiscal.
O Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2025, atualmente em tramitação no Congresso, prevê R$ 167,2 bilhões para o Bolsa Família. Um reajuste no valor do benefício exigiria mudanças no orçamento e poderia pressionar ainda mais a inflação, fator que afeta a popularidade do governo.
A fala do ministro ocorreu em um momento delicado, com a equipe econômica buscando reforçar o compromisso com a responsabilidade fiscal e conter os impactos da inflação. Na semana passada, pesquisa Genial/Quaest mostrou que a avaliação negativa do presidente Lula superou, pela primeira vez, a positiva: 37% contra 31%. O governo tenta reagir com anúncios de medidas para ampliar o acesso ao crédito e minimizar os efeitos da alta de preços.
Em discurso nesta quinta-feira, Lula defendeu políticas para estimular o consumo. “Muito dinheiro na mão de poucos significa miséria de muitos. Agora, pouco dinheiro na mão de todos significa melhorar a vida do povo brasileiro”, afirmou.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também se manifestou sobre a economia e atribuiu a alta nos preços dos alimentos ao câmbio. Ele argumentou que o dólar valorizado pressiona os preços internos, mas que medidas estão sendo adotadas para estabilizar a moeda.
O governo segue tentando controlar a inflação e melhorar a percepção econômica, enquanto busca evitar ruídos na comunicação sobre políticas sociais e fiscais.
Com informações do Correio Braziliense
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